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Projeto de MVP - Graduação FIAP

Projeto de startup desenvolvido no curso de graduação de Marketing da FIAP, 2020. O objetivo era colocar em prática todo o conhecimento adquirido (branding, proposta de valor, benchmark, vantagem competitiva, monetização, roadmap do produto e, claro, UX, entre outros).

Uma das primeiras vezes que, de fato, tive contato com UX, algo que vinha ouvindo e lendo sobre e que, hoje, se tornou um dos meus grandes interesses. Precisei mergulhar em vários conceitos novos, cursos paralelos, webinares, livros... tudo isso para começar a jornada.


SOBRE O PROJETO

Com tema à livre escolha, tínhamos um mar aberto de problemas para explorar. Levamos um bom tempo para encontrar algo que clicasse para todos até chegar na Educação Inclusiva. Logo nas primeiras pesquisas percebemos que era um problema tão complexo quanto comum, afetando milhões de brasileiros e para qual havia poucos produtos/ serviços/ conteúdos especializados disponíveis. Mas o que nos fez seguir esse desafio foi ouvir algumas histórias de crianças que lidam diariamente com desafios enormes que a maior parte de adultos neurotípicos nunca sonharam em enfrentar, como problemas de adaptação, solidão, isolamento social e depressão.


PRIMEIROS DESAFIOS

Tão logo começamos a pensar no tema, com base em algumas poucas pesquisas, nos apressamos a rascunhar uma ideia (eu sei... rookies! Ainda não tínhamos entendido a importância de "se apaixonar pelo problema"). Pensamos em uma solução que auxiliasse na identificação, diagnóstico e acompanhamento do desempenho escolar de crianças com dificuldades de aprendizado, déficit cognitivo ou deficiências (auditiva, de fala, visão, etc.). Vago assim. Mas nas primeiras consultas com psicopedagogos e psicólogos percebemos que não é bem assim que a banda toca. Aliás, não era assim mesmo. Após alguns encontros e conversas com profissionais, era necessário dar alguns passos pra trás e entender melhor o tema. A boa notícia é que não estava sendo difícil encontrar informações sobre o assunto.

  • Contribuições
    - Desk research
    - Elaboração do roteiro da pesquisa
    - Condução de User Research
    - Geração da persona
    - Pesquisa sobre cores que melhor gerassem contraste para daltônicos
    - Branding
    - Arquitetura de Informação e UXW
    - Prototipação


O PROBLEMA

Experiências de discriminação fazem parte do dia a dia de crianças com deficiências, que muitas vezes se veem sozinhas. E na maior parte do tempo estão mesmo, pois nem seus educadores se sentem preparados. Faltam estudos, olhar especializado e tecnologias que auxiliem no processo de acolhimento e inclusão.

DESK RESEARCH

  • No Brasil, crianças com alguma dificuldade escolar representam 30% a 40% da população das primeiras séries regulares.
  • O número de crianças com deficiência matriculadas nas escolas regulares dobrou nos últimos 5 anos, mas as escolas não estão preparadas para recebê-las. 
  • Apenas 5% das crianças com deficiência que entram na escola chegam ao ensino médio: com defasagens no aprendizado e falta de apoio pedagógico adequado, enfrentam reprovações sucessivas e desistem de estudar.
  • Não há hubs de conteúdo especializado voltado para esse tema
  • O atraso escolar afeta mais de 383 mil crianças e adolescentes com deficiência. Quase 30 mil deixaram as escolas públicas em 2018. 
  • A taxa de reprovação dos estudantes com deficiência é de 13,8%, enquanto que para o grupo sem deficiência é 8,7%.

(Fontes: IBGE-2018, Ministério da Educação-2018, Censo Escolar Ministério da Educação, 2010)


USER RESEARCH

Sem apego

A essa altura, à medida que as respostas da pesquisa foram chegando, muitas ideias foram sendo descartadas. Levantamos várias hipóteses, que nos levavam a caminhos diferentes para solucionar o principal problema: despreparo dos profissionais de educação para lidar com crianças neurodivergentes. Notamos um gap importante: educadores se dizem muito sozinhos e perdidos na sala de aula quando aparecia um/a aluno/a "diferente" e quase sempre não sabiam como ajudá-lo/a

“Precisamos pensar em estratégias diferentes para mudar essa situação”, Ítalo Dutra, chefe de Educação do UNICEF no Brasil.

O que seriam essas estratégias diferentes? A maior parte das soluções que encontramos giram em torno de consultorias, treinamentos e cursos voltados para adaptação das escolas (mais ou menos na linha que estávamos indo no começo). 

“O que significa estar preparado? Ainda que apresentem pareceres diagnósticos absolutamente iguais, duas pessoas podem reagir às mesmas intervenções de maneiras bem diferentes. Ou seja, a ideia do preparo prévio nada mais é que um mito. A ideia de que a escola precisa, antes, estar pronta, para depois receber os alunos com deficiência é baseada em uma expectativa ilusória de um saber único capaz de prescrever como trabalhar com cada criança”.

Essa fala de Luiz Conceição, coordenador de formação do Instituto Rodrigo Mendes, reforçou que parecia faltar um olhar universal, que envolvesse professores e a família, e decidimos seguir por esse caminho. Era hora de entender melhor nosso usuário e suas dores.


DIFERENCIAÇÃO

Dos entrevistados, 91,7% conhecem pelo menos uma ferramenta voltada para o apoio de profissionais para uma educação mais inclusiva. No entanto, as opções existentes de app, sites e canais costumam focar em um transtorno ou deficiência específicos (dislexia, tradução da fala para crianças com deficiência auditivas, para aprender braile, etc.), mas nada que reúna os principais em um único lugar e que pudesse ser acessado por educadores e pais/responsáveis.


PERSONA

Suas dores

  • Os educadores se sentem sós e inseguros quando aparece uma criança com qualquer tipo de deficiência, sem saber a quem recorrer.
  • Desconhecem técnicas e boas práticas para ajudar alunos com deficiência a socializar e melhorar o desempenho escolar
  • Alguns educadores favoráveis à inclusão de crianças com deficiência admitem exceções, alegando não terem o “preparo necessário”
  • Não se acham preparados para lidar com situações de estresse e "fora do manual" em sala de aula e não sabem onde buscar auxílio.


PROTÓTIPO

Não foi exatamente simples fazer um teste de usabilidade remoto. Enviamos duas versões para teste AB e avaliar a escolha das cores, tivemos respostas mais positivas com a opção mais clara e sem muitos detalhes. Também foi alterada a disposição dos conteúdos na home (Diários e Protocolos foram os mais procurados).

O maior desafio técnico foi mesmo o de montar as telas e o fluxo de navegação sem background de UI. Ficou claro também que UXW é estratégia e não apenas para preencher lacunas no layout, que user research e usability test não são para confirmar vieses ou justificar nossas hipóteses e, mais que tudo isso, UX pode ser uma ferramenta essencial para promover inclusão.

De tudo que construímos, receber de professores o feedback de que essa ferramenta lhes poderia ser muito útil e que gostariam de poder vê-la funcionando foi o mais gratificante.